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Foto do escritorAssessoria de Comunicação

Esgoto será transformado em água limpa para produção de hidrogênio verde, em projeto pioneiro no Rio

O trabalho será desenvolvido em uma parceria da RBCIP com a UFRGS, PUC E UNISINOS



O Brasil tem grande potencial para ser um dos maiores produtores de hidrogênio verde do mundo, em razão de suas vantagens naturais associadas a uma matriz elétrica predominantemente renovável. A pesquisa Green Hydrogen Opportunity in Brazil (Oportunidade de Hidrogênio Verde no Brasil, em português), publicada em 20 de janeiro de 2023, mostra que o país poderá faturar R$ 150 bilhões por ano com o mercado de H2V até 2050, sendo que R$ 100 bilhões seriam provenientes das exportações da commodity.


O Rio Grande do Sul tem 80% da matriz energética de fonte renovável, com ótimas condições de vento para a geração de energia eólica e um cenário satisfatório para a geração solar. Além disso, a estrutura portuária gaúcha é propícia para o escoamento da produção, devido à posição estratégica e à sinergia com diferentes cadeias produtivas.


Diante desse cenário favorável para o estado desenvolver essa cadeia e ser líder no país, a Rede Brasileira de Pesquisa e Inovação (RBCIP), em sua filial gaúcha, firmou parceria com as universidades participantes da Aliança da Inovação (UFRGS, PUC-RS e UNISINOS), para a produção da primeira planta piloto de hidrogênio verde, a partir de energia fotovoltaica, eólica e a energia do GRID (sistema integrado nacional de energia) do estado.



O grupo criou a REDLABSUL, laboratórios multiusuários integrados, para a elaboração do projeto do Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Energia Renovável e Hidrogênio (CDT-ERH). O primeiro laboratório da Rede, situado no Parque Tecnológico da PUC, será um centro de estudos e terá a primeira planta piloto de hidrogênio do Rio Grande do Sul. No centro, com o uso de um reator, o esgoto será tratado e a água limpa servirá para a produção de hidrogênio verde.


“Ela será diferente de todas já existentes no Brasil, porque é uma planta piloto que, além de produzir hidrogênio a partir de energia fotovoltaica, energia eólica e a energia do GRID, permitirá estudos com a integração das três”, explica Marcelo Fiche, presidente da RBCIP. O CDT-ERH será operado pela RBCIP na captação e gestão dos projetos para dar mais agilidade nas pesquisas. No local, serão feitos estudos de rotas importantes para o hidrogênio: o gás sintético, o diesel verde, chamado de HVO, o metanol verde, a amônia verde e os fertilizantes verdes. Além disso, o centro também realizará estudos EVTEA – de viabilidade técnica, econômica e ambiental.


“O objetivo das três universidades e da RBCIP é tornar o CDT-ERH um centro de excelência em pesquisas de hidrogênio verde no sul do país para que empresas privadas possam desenvolver suas pesquisas em parceria. O espaço também poderá ser utilizado pelo meio acadêmico local e nacional. O centro deve gerar mais de 500 empregos diretos e indiretos, além da atração de investimentos para o estado”, destaca Fiche.


O H2V é obtido por meio de um processo químico conhecido como eletrólise, em que se utiliza a corrente elétrica de fonte renovável para separar o hidrogênio do oxigênio que existe na água.


Hidrogênio verde no Brasil

Atualmente, o Brasil não fabrica efetivamente o hidrogênio verde, mas possui alguns projetos em andamento. No entanto, um estudo internacional, feito pela consultoria alemã Roland Berger, aponta que o Brasil tem potencial para se tornar o maior produtor mundial em hidrogênio verde.


O país tem 87% da sua matriz energética oriunda de fontes renováveis como hidrelétricas, painéis solares e eólicas. Apesar disso, o Brasil ainda possui grande capacidade de expansão dessas fontes.


De acordo com Marcelo Fiche, presidente da RBCIP, o Brasil deve usar suas fontes naturais para produzir além do hidrogênio verde, outros produtos oriundos do H2V que gerem valor adicional na comercialização das commodities.


“Há uma tentativa de aproveitar a produção de hidrogênio para gerar maior valor agregado em produtos que o Brasil produz. Ao invés de exportar aço, o país pode exportar aço verde, exportar amônia verde, hidrogênio verde ao invés do cinza e agregar valor. E a própria cadeia de produção de equipamentos na indústria que está nascendo, fortalecendo a indústria nacional. ”


Fiche acrescenta que no mercado interno, existem oportunidade de descarbonização para diversos setores industriais importantes como cimento, aço, alimentício, fertilizantes, petroquímico, dentre outros.


Produção mundial deve crescer até 2050


Em 2021, a demanda global por hidrogênio em todo mundo foi de 94 milhões de toneladas. A maior parte desta demanda foi produzida por meio de fontes fósseis, geralmente gás natural.


A estimativa é que até 2050, a demanda pelo combustível de baixo carbono chegará entre 350 e 530 milhões de toneladas por ano. Com o aumento do consumo, os países de todo mundo tentam usar energias renováveis para cumprir o Acordo de Paris com a redução do efeito estufa agravado pelas emissões do carbono.


A guerra na Ucrânia e a elevação do preço do gás russo fizeram com que vários países europeus antecipassem os seus planos de transição energética, em particular, os investimentos em hidrogênio renovável.


Entre os principais países que atuam no setor de hidrogênio, destaca-se a Alemanha como grande importador, bem como a Austrália e o Chile como grandes exportadores.


Já a China é o maior produtor de hidrogênio do mundo, com uma produção anual de cerca de 33 milhões de toneladas, a maioria de origem fóssil, mas pretende ter uma produção anual de hidrogênio verde de 100 mil a 200 mil toneladas até 2025.


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